relato - 06/07/2022 08:16

"Meu mundo caiu": jovem conta detalhes de denúncia de estupro contra empresário de SC

Suspeito foi preso em junho deste ano, suspeito de estuprar e dopar jovem em 2019
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Foto: PCSC/Divulgação
A voz embargada mostra a dor que trouxe marcas permanentes na vida de uma jovem que, atualmente, vive no Oeste de Santa Catarina. Ela, que não quer ser identificada, contou com exclusividade ao Diário Catarinense sobre o dia em que foi dopada e estuprada por um empresário de Florianópolis em 2019. O suspeito de ser o autor do abuso segue preso, enquanto a vítima aguarda por Justiça.  
A mulher conta que conheceu o empresário por meio de um aplicativo de relacionamento. Após dias de conversa, ele teria a convidado para jantar na casa dele. Como os dois estavam se conhecendo, a jovem resolveu aceitar o convite. 
— Ele falou que ia cozinhar. Cheguei na casa dele e começamos a tomar um vinho, enquanto ele cozinhava. Foi nesse período, durante a conversa, que eu comecei a sentir algumas coisas estranhas. Eu olhei a taça e percebi como se fosse algumas sujeirinhas, mas na minha cabeça, nunca imaginei, que fosse outra coisa — relata. 
Após tomar a bebida, ela conta que começou a sentir calor, tontura e a boca seca. A última coisa que lembra daquela noite é de sentar na mesa, iniciar o jantar e continuar a conversa com o homem. 
— Eu comecei a sentir essas sensações, pedi água. Me senti mal, estranha, nunca na minha vida usei qualquer tipo de droga, não sei qual a sensação. Eu fiquei bem perturbada. O que eu lembro é de iniciarmos o jantar e ficarmos conversando, bebendo, e, em determinado momento, as coisas começam a ficar bagunçadas. Eu não lembro sequer se eu terminei o jantar — relata. 

"Meu mundo caiu" 
A próxima lembrança da jovem foi de acordar, por volta das 6h do dia seguinte, no quarto do homem. Ela relata que, por não saber o que tinha acontecido, começou a entrar em desespero. Foi nesse momento que questionou o empresário sobre a noite anterior. 
— Ele olhou para mim e disse que tínhamos aproveitado a noite, que eu tinha levado drogas, tinha insistido. Quando ele falou isso, eu fiquei mais desesperada e pensei: "O que esse cara fez?". Nunca tive contato com droga. Quando ele falou isso, meu mundo caiu — conta. 
Rapidamente, ela levantou e passou a recolher suas coisas, com o intuito de ir embora. A jovem conta que, no caminho, o homem teria mandado mensagens, com vídeos em que mostrava o rosto dela e o ato sexual. 
— Eu fiquei ainda mais desesperada, porque eu não imaginava, não tinha noção do que estava acontecendo. Eu precisava chegar em casa, precisava ir para o hospital — complementa. 
Ainda naquele dia, a mulher foi até uma instituição de saúde e registrou um boletim de ocorrência sobre o caso, que foi investigado. Ele é suspeito de praticar crimes de estupro de vulnerável (já que a vítima estava dopada), além de registrar e compartilhar imagens do ato sexual sem o consentimento da jovem, que tinha 20 anos na época do crime. 
Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), ele teria colocado um comprimido de MDA em uma taça de vinho e servido à vítima. Depois, a estuprou e divulgou imagens da prática sexual.
Por conta do abuso, a jovem desenvolveu doenças psicológicos, como depressão e ansiedade. Ela também precisou mudar de cidade devido aos julgamentos por conta do ocorrido. 
— É um trauma que você não consegue esquecer. Durante um período, não conseguia ter relação com ninguém. Fiquei durante um tempo assim, a dor que eu sentia diminuía, mas as lembranças... Para mim não é muito fácil ter que relembrar isso, sem saber se vai ter justiça ou não — relata. 
O caso segue em segredo de justiça. De acordo com a advogada da vítima, Bruna dos Anjos, a previsão é de que as audiências de instrução e julgamento sejam retomadas em 1º de setembro. 
— Eu nunca desisti de ir atrás da verdade. Só eu sabia o que estava acontecendo, de toda a dor e sofrimento. É difícil, é muito tempo, muito doloroso. Tive que sair de Florianópolis, não conseguia mais morar ali por toda essa questão. Tive que praticamente me esconder para ter uma vida tranquila e sair de casa sem ter medo. Eu espero a justiça seja realmente feita — finaliza a jovem.

Medicamento trouxe lembrança de trauma 
Durante dias a jovem teve que fazer uso de medicamentos, que são recomendados para vítimas de estupro. Um momento que também trazia novo trauma à mulher.
— Toda a vez que eu tomava aquele medicamento, eu lembrava de tudo. É um trauma que você não consegue esquecer — diz. 
De acordo com o g1, em casos de estupro, a recomendação é administrar medicamentos contra doenças sexualmente transmissíveis e anticoncepção de emergência, como a pílula do dia seguinte. 
Além disso, em alguns casos, também podem ser realizados exames de sangue para detectar possíveis doenças. Há a possibilidade da vítima, ainda, receber medicamentos, para evitar HIV ou hepatites virais, por exemplo, em um prazo de 72 horas. 
Outro ponto é que, caso a vítima engravide, há a opção do aborto legal, que é previsto em lei em situações de violência sexual. 

Empresário segue detido
Ele foi preso preventivamente em 23 de junho, em um hotel em São Paulo. O pedido de prisão foi feito pelo MPSC porque havia a suspeita de que ele estaria tentando coagir uma das testemunhas. 
O documento, no qual o Diário Catarinense teve acesso, traz um print de uma conversa do réu com uma mulher. Ele tenta coagir a pessoa para confirmar a versão dele dos fatos. 
"Como se observa da análise das conversas extraídas e documentadas em ata notarial, o réu se julga 'acima do bem e do mal', ignorando a ação da Justiça buscando 'manipular' e coagir testemunhas, ao indicar o que poderia ser perguntado durante a instrução criminal, objetivando, obviamente, montar uma estratégia de defesa, visando alterar a verdade sobre os fatos", disse o promotor Affonso Ghizzo Neto nos autos do processo. 
Ao acatar pedido de prisão do MP, o juiz Rafael Brünning disse, ainda, que identificou boletins de ocorrência que relatam episódios de perseguição e ameaça do empresário à ex-esposa. Ele também teria ameaçado, inclusive, de morte, a babá das filhas do ex-casal e o atual namorado da ex-companheira.
Desde então, ele segue detido. Segundo o advogado de defesa do empresário, Osvaldo Duncke, o pedido de revogação da prisão preventiva foi entregue para Justiça e aguarda análise do magistrado. 
O advogado reforça, ainda, que a defesa não irá se manifestar no momento sobre o processo. 
Fonte: DC
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